O hábito de fazer exames de rotina é praticado por muitas pessoas para verificar a saúde do coração ou do pulmão, por exemplo. Porém, muitas vezes, a saúde ocular acaba sendo esquecida. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), existem pelo menos 2,2 bilhões de casos de deficientes visuais no mundo, levando em conta que quase a metade desses casos ocorreram pela falta de acesso a médicos e tratamentos.
Comumente, os exames oftalmológicos são diretamente relacionados à necessidade de utilizar óculos, apesar de conterem outras funções importantes, como ajudar no diagnóstico precoce de doenças que possam se desenvolver.
Os cuidados com a saúde ocular devem começar logo cedo. Começam pelos recém-nascidos, que, ainda em suas primeiras horas de vida, passam pelo “teste do olhinho”. Nesse exame, o médico verifica, por meio de feixes de luz, os reflexos da pupila do bebê. Apesar de ser um teste rápido e fácil, é capaz de detectar distúrbios como catarata congênita, glaucoma, estrabismo, hemorragias ou elevados graus de miopia. No decorrer da infância e da fase adulta, outros exames devem ser feitos para avaliar o quanto a pessoa enxerga, detectar erros de refração, analisar a percepção das cores e verificar a saúde das córneas. O ideal é que esses exames sejam realizados pelo menos uma vez ao ano.
A oftalmologista Sandra Valéria afirma que, infelizmente, não existe uma cultura de oftalmologia preventiva no Brasil. Para melhorar esse quadro, trabalhos de base vêm sendo feitos em parceria com pediatras. A médica também ressalta o aumento de queixas oculares no consultório durante o período da pandemia: “Muitas pessoas têm trabalhado mais tempo em casa do que nas empresas. Com as crianças, tem sido pior, pois elas utilizam as telas de celulares, TV, computador e videogame com maior frequência”.
PROTEÇÃO
Daniel Vítor de Vasconcelos, subchefe do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFMG, concorda com Sandra e afirma que, frequentemente, as pessoas procuram atendimento médico apenas quando sintomas preocupantes aparecem. O especialista também reforça que hábitos saudáveis que impactam doenças sistêmicas também podem interferir na saúde ocular. “A exemplo da proteção que fazemos da nossa pele, utilizando filtros solares, nossos olhos também devem ser protegidos da radiação ultravioleta, principalmente nos dias muito ensolarados e nas atividades ao ar livre”, defende.
Além de todos esses cuidados, Daniel traz ainda algumas dicas para lidar melhor com a rotina em frente as telas: “É importante lembrar de piscar com frequência, de modo a auxiliar na distribuição da lágrima na superfície dos nossos olhos. O uso de colírios lubrificantes também pode ajudar em alguns casos. Além disso, não é incomum sentirmos cansaço visual após essas atividades mais prolongadas. Para prevenir esse cansaço, recomenda-se inserir pausas após cada 20 a 30 minutos dessas atividades, além de piscar os olhos com frequência.”
Sempre foi um consenso de que o uso constante de celulares, tablets e computadores pode desenvolver problemas de visão, principalmente, a miopia. Segundo artigos científicos publicados em junho de 2020 e janeiro de 2021, o cenário de viver constantemente diante das telas pode acelerar os efeitos negativos desses dispositivos aos olhos. Apesar dos estudos seguirem métodos de abordagem diferentes, ambos chegaram ao mesmo resultado. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou dados de que, até 2050, quase 50% da população mundial sofreria com problemas de miopia. Segundo o estudo publicado em janeiro, essa estimativa pode ser alcançada antes do previsto devido ao uso excessivo das telas no
cenário atual.
Lembramos sempre que a melhor maneira de prevenir esses danos futuros é traçar uma disciplina dentro da rotina dos adultos e das crianças e ter consciência do uso excessivo dos olhos, realizando pausas constantes.
(Nathália Farnetti)
Comments