O que você faz para cuidar da sua saúde? Se você respondeu que pratica exercícios físicos e cuida da alimentação, está certo. Mas não pode parar por aí! Um ponto crucial para o nosso bem-estar, capaz de prolongar nossa expectativa de vida, passa, por vezes, despercebido: a saúde emocional. Ela é o equilíbrio de nossas funções psicológicas, ou seja, garante o controle e gerenciamento das emoções sem nenhum distúrbio emocional. O organismo humano é composto por aspectos fisiológicos, mentais, emocionais e espirituais. Portanto, para estar com uma boa saúde, é preciso considerar e harmonizar esses quatro aspectos. “A saúde mental consiste numa relação equilibrada entre as emoções (sentimentos), as atitudes (pensamentos) e as ações (comportamentos)”, define a psicóloga Alessandra Furst.
É importante também saber diferenciar saúde mental de saúde emocional. Apesar de estarem interligadas, há diferenças conceituais entre as duas. “A saúde emocional é um estado de bem-estar em que o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com fatores estressantes, trabalha produtivamente e é capaz de contribuir com a sociedade”, esclarece a psicóloga. Vale ressaltar que uma pessoa mentalmente doente não pode estar emocionalmente saudável. “Muitas vezes são os problemas de ordem emocional que causam as complicações mentais. Por isso é muito importante cuidar de ambas”, ressalta Alessandra. E há prevenção. Conforme explica a psicóloga, para conseguir manter esse equilíbrio é preciso melhorar o pensamento, ser otimista, fazer o que gosta, evitar ficar sozinho, ter sonhos e objetivos. A prática de exercícios físicos também pode auxiliar nesse processo. Para a psicóloga Cláudia Lana, a procura por tratamentos que prometem bem-estar ou uma conexão com suas emoções tem aumentado: “A psicoterapia tem atendido à demanda de pessoas que precisam de um espaço para se reeducarem emocionalmente e a lidar com suas emoções e pensamentos. Outras terapias também têm tido um espaço importante como auxiliares, como a yoga, a meditação, o reiki e todas as terapias holísticas”, afirma. Ela complementa, dizendo que esse aumento da procura é um reflexo da difusão de informações a respeito do autoconhecimento e importância de cuidar da saúde mental como parte importante do ser humano: “Você não vai ao médico quando tem sintomas físicos? Não vai ao dentista quando precisa cuidar da boca? Por que não cuidaria do emocional quando precisa também?”, ressalta.
Ansiedade: o mal do século
Considerado pelos especialistas como o mal do século, a Síndrome do Pensamento Acelerado acomete a maior parte da população mundial, atualmente. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 20% das pessoas sofrem com a depressão, e a ansiedade é sentida por 80%, sem distinção de idade. O tema é apresentado no livro Ansiedade – como enfrentar o mal do século, do psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury. O autor fala dos sintomas que são alerta para um estado de ansiedade crônica e das técnicas para desacelerar, conter esse distúrbio, administrar a emoção de maneira eficaz e resgatar a qualidade de vida.
A síndrome diz respeito à construção do pensamento, que tem origem no ritmo alucinante das grandes cidades, com overdoses diárias de informações e obrigações que afetam a saúde emocional das pessoas. Ela não é uma doença, é um sintoma vinculado a um quadro de transtorno de ansiedade. Para o policial civil Tiago Lopes, o grande mal da humanidade não é a saúde física, mas, sim, a emocional e psicológica. Para ele, a maioria das pessoas não toma cuidado para manter seu emocional mais equilibrado: “Tudo na vida requer um pouco de esforço. Eu tive algumas dificuldades, mas hoje já consigo discernir bem o que é bom ou ruim, o que me mantém equilibrado ou não. Tive dificuldade devido ao meu trabalho de policial, em um meio onde há muito desequilíbrio emocional, muita atrocidade, e é fundamental ter uma base e um psicológico bem preparados. Com uma boa autoestima, não é qualquer coisa que vai te abalar emocionalmente”, relata.
Conscientização
A psicóloga clínica e coordenadora do Acompanhar Pampulha, Maria Fernanda Maia, diz que cuidar da saúde emocional não é procurar problemas, mas enxergar com eles e, além deles, soluções bem mais compatíveis aos nossos sonhos: “Tem se falado mais em saúde emocional do que se falava há uma década. Mas esse tempo ainda é pouco expressivo diante da proporção que isso pode causar. É algo que não se pode ignorar. Há um culto ao bem-estar, fala-se muito em sentir-se bem, em como ser feliz, como viver a vida com mais propósito, no entanto, isso ainda é muito ideológico. É necessário viver uma vida com mais sentido, experimentar sensações que nos aproximem cada vez mais dos nossos valores, daquilo que realmente importa”, salienta.
Com 13 anos de profissão como professora de yoga, Jacqueline Barros percebe que realmente as pessoas estão mais preocupadas com o verdadeiro bem-estar, devido ao fato de haver muitas doenças psicossomáticas que geram dificuldades em vários aspectos da vida pessoal, profissional, físico, espiritual, emocional, etc. “Entre as principais dicas que eu daria para quem quer cuidar melhor da sua saúde emocional, diria para começar pelo perdão. Devemos perdoar o outro e a nós mesmos, e essa prática faz muito bem para a alma. Ficamos mais leves. O desapego é outra questão importante e pode escrever uma nova página em sua vida. Tendo fé e motivação e permitindo momentos de lazer e tranquilidade, você consegue desacelerar e criar uma nova história. Também é benéfico se relacionar com pessoas otimistas, positivas e alegres, além de fazer atividades que te deixe feliz e cheio de energia, como trabalhos voluntários e meditação para uma maior capacidade de concentração e reflexão”, enumera.
Ambiente empresarial
Quando falamos em cuidados com a saúde emocional, reportamo-nos muito à questão do equilíbrio para gerenciar as emoções. No contexto organizacional isso também é complexo, já que o ser humano não consegue deixar de ser pessoa para ser profissional. Qualquer acontecimento, por mais simples que seja, desperta em nós emoções diferentes: alegria, ansiedade, raiva, rancor, falta de estímulo, insegurança, tristeza, ausência de respeito e de comprometimento, entre outros. Por isso, é fundamental ter um cuidado especial com o local de trabalho, fazendo com que haja sempre um ambiente saudável, agradável e de fácil convivência, onde as pessoas se sintam motivadas a trabalhar. “A empresa tem de estar preparada para ouvir o que o funcionário tem a dizer, e este precisa administrar bem suas emoções e buscar os resultados esperados.
Muitas vezes, um simples diálogo é uma maneira importante de auxiliar as pessoas, para que elas possam se sentir apoiadas e valorizadas no contexto organizacional”, avalia a Diretora de Marketing da Garden Consultoria, Jacqueline Romero. E ainda completa: “O controle emocional faz com que a pessoa se projete melhor em situações difíceis e complexas ao receber uma crítica, ou a lidar com um cliente desagradável e mal-educado”. Tendo habilidade e atitude é possível reverter situações difíceis e administrar bem as que fogem do controle pessoal. Para reverter esses quadros de desequilíbrio emocional, é preciso adotar um novo estilo de vida, seguindo o conselho dos especialistas: desacelere! Aproveitar mais o tempo presente, estar rodeado por amigos e familiares, ouvir música, assistir a filmes inspiradores e divertidos, viajar para um lugar diferente e tranquilo, admirar uma bela paisagem sem preocupação com o relógio são algumas ações que podem fazer você mudar de vida e ter uma mente mais saudável, leve e equilibrada. Viva sem estresse e mantenha sua saúde emocional em dia! (Fabily Rodrigues e Marco Túlio Câmara)
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