Você sabia que a surdez possui graus e que perdemos a capacidade de ouvir ao longo dos anos? Os excessos de ruídos e muito tempo de exposição a barulhos são fatores que contribuem para que a nossa audição seja prejudicada. A professora associada do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Patrícia Mancini, explica como nosso ouvido é afetado durante a vida. “No ouvido, existem células muito sensíveis. O som entra em contato com elas e começa a danificá-las. Por isso, a longa exposição a ruídos contribui para a perda da audição”.
A perda auditiva é calculada pelos decibéis (dB), unidade medidora do nível de volume do som. Dessa forma, de acordo com a perda em decibéis, se calcula a perda auditiva. É comum que pessoas mais velhas apresentem diferentes graus de surdez, mas esse problema já tem afetado os jovens. “Antigamente, era a partir dos 50 anos que as pessoas começavam a apresentar perda da audição. Mas, hoje, como os jovens estão muito expostos a ruídos, já são comuns os casos de adolescentes entre 13 e 14 anos apresentando problemas para ouvir”. Perder a audição é uma condição que transforma toda a vida da pessoa e é uma realidade que muitos brasileiros enfrentam. Segundo os estudos feitos, neste ano,p ela Locomotiva Instituto de Pesquisa e a Semana da Acessibilidade Surda, existem 10,7 milhões de deficientes auditivos com diferentes graus de surdez no país.
Graus de surdez
De acordo com divisão adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os graus de surdez podem ser distinguidos entre leve, moderado, severo e profundo. A surdez leve ocorre com a perda de 25 a 40dB, dificultando a compreensão da fala à distância. A pessoa ouve bem os sons das vogais, mas algumas consoantes, como f, s, p, t, k se tornam inaudíveis, assim como o som do relógio. Geralmente este tipo de surdez passa despercebido, já que não impede a aquisição da linguagem. A moderada registra perda de até 70dB, o que torna a comunicação mais difícil. A pessoa só escuta o que é dito quando a voz é elevada. Apenas sons fortes, como choro de crianças e aspirador de pó são ouvidos com clareza. Pode manifestar alterações na articulação da fala, porém é de difícil detecção. As dificuldades nas salas de aula são das poucas formas de suspeitar deste tipo de surdez.
A surdez severa é caracterizada pela perda de até 90dB. Neste estágio, nenhum som da fala é perceptível. Latidos de cachorro, motor de motocicletas, sons graves de piano e toque do telefone ainda podem ser ouvidos. É uma surdez facilmente detectável, pois não há reação do indivíduo em relação aos sons do ambiente. A perda auditiva profunda ocorre com o dano de mais de 90dB e nenhum som do ambiente é entendido. Existe a possibilidade de que sons como o de helicópteros e serra elétrica sejam captados. Também facilmente observada, esse tipo de surdez, se ocorrer desde o nascimento, pode limitar a aquisição da fala, tornando possível apenas algumas vocalizações.
O diagnóstico de perda auditiva é feito pela audiometria, um exame que identifica as alterações de percepção do som e instrui a pessoa a tomar medidas preventivas e tratamentos.
Consequências na autoestima
A impossibilidade de ouvir bem e se comunicar pode destruir a autoestima do sujeito e deixá-lo irritadiço. Poucos conseguem efetivamente perceber a gravidade dos sintomas, sofrendo dessas restrições sem possibilidade ou coragem de contar aos familiares que está perdendo a audição. Uma pessoa surda pode facilmente se passar por distraída, lerda ou zangada. Hoje em dia já existem diversas soluções para as perdas de audição. Além das cirurgias, existe a possibilidade de implantes, próteses e aparelhos auditivos. Somente um profissional adequado poderá indicar qual o melhor procedimento para cada paciente.
Dicas para manter a saúde auditiva
Use protetores de ouvido em locais barulhentos (um pouco de algodão já é suficiente);
Não se acostume com volumes altos, monitore os sons dos aparelhos em casa;
Quando usar fones de ouvido, evite ultrapassar a metade da barra do volume;
Não fique próximo a caixas de som em festas ou shows;
Faça estimulações auditivas com baixo volume, sons suaves, músicas instrumentais leves;
Diminua o tempo de uso do celular diretamente no ouvido;
Descanse sua audição em locais silenciosos;
Em dias muito frios, proteja também a orelha dos ventos;
Não introduza nenhum objeto dentro do ouvido.
As hastes de limpeza devem ser usadas apenas na parte externa da orelha;
Se possui na família pessoas que tenham sofrido com perda auditiva, procurar um médico otorrino para acompanhar e prevenir seu quadro.
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